Terça-feira (16), a Paraíba relembrou os 30 anos da morte de um dos seus mais respeitados homens públicos: o ex-governador Antônio Marques da Silva Mariz. Reconhecido por sua integridade, espírito público e compromisso com a justiça social. Antônio Mariz faleceu em 1995, vítima de complicações provocadas por um câncer.
Homenagem aos 30 anos de legado
Para marcar os 30 anos de sua partida, familiares, amigos e autoridades participaram terça-feira (16), pela manhã, de uma solenidade no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional da Paraíba (OAB-PB), no Centro de João Pessoa. O evento foi organizado pelo jornalista Walter Santos. Antônio Mariz iniciou sua atuação política na época de estudante na Faculdade Nacional de Direito do Rio de Janeiro, onde militou no Centro Acadêmico Cândido de Oliveira (Caco).
Estudou Ciências Políticas na Universidade de Nancy, na França, e foi promotor de Justiça, antes de se candidatar a prefeito de Sousa, na Paraíba, pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), em 1963.
O evento reuniu autoridades, familiares e amigos para o lançamento de uma Plaquete comemorativa que celebra sua trajetória política e pessoal.
Antônio Mariz disputou as eleições com os candidato Felinto da Costa Gadelha – Tozinho Gadelha (UDN) – representante do grupo Gadelha, dominante no município –, e do PSD, o médico Laércio Pires de Souza. Durante a campanha, adotou um discurso inovador. Defendeu a anotação na Carteira de Trabalho, então desconhecida, o pagamento do salário mínimo aos trabalhadores e a necessidade da reforma agrária na linha das reformas de base do presidente João Goulart.
Assumiu o compromisso público de prestar contas de todo o dinheiro que entrasse e saísse dos cofres da Prefeitura. Foi eleito, inicialmente, com uma diferença de apenas dez votos. Feita a recontagem, a pedido do grupo Gadelha, a diferença caiu para sete votos.
Após o golpe militar de 1964, Mariz foi acusado pelos udenistas de Sousa de ter sido solidário a João Goulart, por meio de telegrama que lhe enviou, e de ser comunista e subversivo. Foi afastado do cargo, preso e submetido a um Inquérito Policial-Militar (IPM) perante o Grupamento de Engenharia de João Pessoa.
Permaneceu detido por pouco tempo, logo reassumindo a Prefeitura. A transparência foi uma marca da sua gestão. Por meio da rádio Difusora de Cajazeiras, todos os dias prestava contas das despesas e receitas públicas. O maior desafio de Antônio Mariz como senador foi relatar o processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor na Comissão Especial do Senado Federal, em 1992.
Mesmo enfrentando um câncer agressivo, Antônio Mariz disputou e venceu as eleições para o governo da Paraíba em 1994, derrotando Lúcia Braga (PDT) no segundo turno com mais de 222 mil votos de maioria. Era o coroamento de uma vida pública marcada pelo compromisso com a democracia e com os mais humildes. Assumiu o cargo em janeiro de 1995 com o lema “Governo da Solidariedade”, priorizando educação, saúde e combate à pobreza extrema.
Em fevereiro de 1995, no início de seu mandato, Mariz mandou substituir o piso no terraço do Palácio da Redenção devido à presença da suástica, símbolo associado ao nazismo, no mosaico. Mesmo que em um período muito curto, imprimiu a sua marca de governar. Já no discurso de posse deixou clara a opção preferencial pelos pobres.
Para definir a sua gestão, criou o slogan Governo da Solidariedade. Estabeleceu como prioridades a otimização da rede pública de saúde e a elaboração de um arrojado programa de educação pública, além da instalação de bibliotecas por todo o estado. Também priorizou os salários dos servidores públicos e centrou grande preocupação na geração de emprego e renda, por meio do fortalecimento do Projeto Meio de Vida. Morreu no dia 16 de setembro de 1995, na Granja Santana, residência oficial do governador do estado, de parada cardíaca.
O historiador Gabriel Mariz destacou o caráter ideológico e militante de Antônio Mariz. “Ele tinha uma ideologia muito forte, militava por paixão. Teve um discurso progressista para a época, defendia os mais pobres”, afirmou.
Além do zelo com os recursos públicos, Antônio Mariz deixou um legado de honestidade, ética e compromisso social, reconhecido tanto por aliados quanto por adversários. “Mariz é considerado por todos como um político exemplar. Um homem simples, que sempre defendeu causas e não apenas mandatos”, completou Gabriel Mariz.
O senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) utilizou a tribuna do Senado Federal, terça-feira (16), para lembrar os 30 anos da morte do ex-governador da Paraíba, Antônio Marques da Silva Mariz.
“Há 30 anos, exatamente na data de hoje, nós estávamos a nos despedir de um grande homem público paraibano. Ex-prefeito de Sousa, ex-senador da República, ex-governador do Estado, ex-deputado federal, um humanista e um democrata. Mariz foi uma figura diferenciada na vida pública e deixou marcas profundas na política paraibana e nacional”, declarou o senador Veneziano Vital do Rêgo.
“Mariz foi muito mais que um grande homem público. Ele foi um amigo verdadeiro, presente e querido da nossa família. Um democrata corajoso, que se manteve firme mesmo diante das perseguições da ditadura, e cuja memória permanece viva pela integridade, moderação e respeito ao povo paraibano”, afirmou a deputada estadual Francisca Motta ((Republicanos).
Antônio Mariz era um homem de gestos contidos. Falava baixo, a voz de tonalidade grave cada vez mais marcada pelo tabagismo que lhe custaria a vida. Mal conseguia disfarçar a timidez que aliados e adversários às vezes confundiam com ausência de simpatia.
Com muito orgulho participei da justa homenagem aos 30 anos da morte do ex-governador Antônio Mariz. Como sousense, sempre tive admiração por esse grande estadista. Governador, senador, deputado federal e ex-prefeito de Sousa, Mariz foi um homem que teve compromisso com o nosso sertão e o povo sertanejo”, disse o ex-prefeito de João Pessoa e deputado estadual, Luciano Cartaxo (PT).
“ O maior legado que ele deixou foi essa paixão pela Paraíba, pela justiça social, pela igualdade, pela inclusão, o olhar para os pequenos e os vulneráveis. Essa escuta que ele tinha pelas pessoas que não tinham, com quem se valer. Então, acho que esse foi o maior legado e principalmente a questão ética. Meu pai era muito íntegro”, disse a filha do ex-governador, a antropóloga, Adriana Dantas Mariz.
“O resgate da memória de Mariz é o resgate da luta pela democracia, da verticalidade no trato com a coisa pública e dos exemplos que deu Mariz como representante do povo, como cidadão, como advogado, promotor, político que foi em sua trajetória, é relembrar a memória paraibana e valores, que serve de estímulos para empunhar as boas bandeiras. Mariz foi advogado, promotor e sempre esteve nas relações e é, portanto, sempre um nome lembrado, por isso a OAB se sente muito gratificada pela escolha do seu auditório para fazer se essa homenagem à memória e à pessoa de Antônio Mariz, ” disse o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Paraíba, Harrison Targino.
PERSONALIDADES PRESENTES
Prestigiaram a solenidade o ex-prefeito de João Pessoa, deputado estadual, Luciano Cartaxo (PT), a ex-vice-prefeita e ex-prefeita de Patos, deputada estadual Francisca Motta (Republicanos), o ex-deputado federal, ex-senador da República, Marcondes Gadelha (Podemos), o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Paraíba, Harrison Targino, o diretor presidente do Grupo WSCOM - responsável pelo Portal WSCOM e Revista Nordeste, ex-secretário de imprensa no governo de Antônio Mariz, jornalista Walter Santos, a filha do ex-governador Antônio Mariz, a antropóloga, Adriana Dantas Mariz, o proprietário da Banca Johnson Abrantes Sociedade de Advogados, especialista em Direito Eleitoral, advogado Johnson Abrantes, dentre outras personalidades.
Abdias Duque de Abrantes Advogado, jornalista, servidor público, graduado em Jornalismo e Direito pela UFPB e pós-graduado em Direito e Processo do Trabalho pela Universidade Potiguar (UnP), que integra a Laureate International Universities.
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