O agropecuarista, usineiro, empresário, ex-vereador e ex-deputado federal, José de Paiva Gadelha, nasceu em Sousa-PB em 11 de abril de 1916. Filho de Manuel da Costa Gadelha Filho e Joaquina de Paiva Gadelha.. José Gadelha era genro de Salomão de Sá Benevides e Dona Donatilla Vieira. Zé Gadelha foi um dos maiores políticos da história da cidade de Sousa, conhecida como Cidade Sorriso, Cidade dos Dinossauros, a nossa querida Sousa, no Sertão da Paraíba. José Gadelha faleceu em Sousa no dia 14 de novembro de 1981.
Casou-se em 1941 com Dona Miriam Benevides Gadelha. Dessa união conjugal nasceram os seguintes filhos: Paulo de Tarso Benevides Gadelha (in memoriam), advogado, ex-Deputado Estadual pela Paraíba e Desembargador Federal do Tribunal Regional Federal da 5ª Região; ex-deputado federal, constituinte de 1987 a 1988 e senador da República, Marcondes Iran Benevides Gadelha; engenheiro civil, empreendedor e ex-Presidente da Federação das Indústrias da Paraíba – FIEP (Buega Gadelha); ex-deputado estadual,advogado e tribuno, Raimundo Doca Benevides Gadelha (in memoriam); médico, empresário, diretor do Hospital João XXIII Ltda em Campina Grande-PB, ex-Deputado Estadual, médico Renato Gadelha; médico, educador, empresário, empreendedor, Chanceler da Unifacisa em Campina Grande, Dalton Roberto Benevides Gadelha; Maria do Socorro Benevides Gadelha; Jorge Luiz Benevides Gadelha (in memoriam” e Salomão Benevides Gadelha (in memoriam), ex-presidente da União Nordestina de Prefeitos e ex-Prefeito do Município de Sousa.
São seus irmãos o ex-vendedor de plumas de algodão, autodidata, ex-prefeito de Sousa-PB eleito em 1959, governador em exercício em 1962, ex-vice-governador do Estado da Paraíba de 31 de janeiro de 1961 a 31 de janeiro de 1966; André Avelino de Paiva Gadelha (Zabilo Gadelha); usineiro Clotário da Costa Gadelha (Clota); médico e ex-deputado estadual, Dr. Antônio de Paiva Gadelha (Dr. Lêlela); Francisca de Paiva Gadelha (Chiquita); Josepha de Paiva Gadelha; Beatriz de Paiva Gadelha. De toda a família, só Antônio tinha curso superior: médico. Aos 13 anos o maior golpe da vida de Zé Gadelha. Ficou órfão de pai e mãe num intervalo de 15 dias. Passou a ser criado pelo irmão mais velho, Zabilo Gadelha casado com Dona Maria Raquel Pinto Gadelha.
Em 1951 José de Paiva Gadelha concorreu a uma vaga de vereador no Município de Sousa pela UDN obtendo 785, 8,79% dos votos válidos tendo sido eleito. No pleito de 1962 disputou o cargo de deputado federal pela UDN. Obteve 8.010 votos, chegando a exercer o mandato sob convocação.
Após a imposição do bipartidarismo, pelo Ato Institucional n.° 2, durante o regime militar de 1964, adentrou no MDB, sendo eleito deputado federal em 1966. Pela mesma legenda, foi candidato a suplente de senador na chapa de Humberto Lucena, em 1970. No pleito de 1966 disputa o cargo de deputado federal pelo MDB e obtém 13.169 votos. Tendo sido eleito.
Zé Gadelha, no dizer do filho, Paulo de Tarso Benevides Gadelha, ex-deputado e ex-desembargador, também falecido, “foi o melhor palanqueiro do sertão paraibano, no seu tempo”, o homem-show dos comícios, o centro das atenções e das preocupações dos concorrentes, que tratavam os Gadelhas como “carcarás da usina”. Partiu dele a iniciativa de comprar panelas de barro na feira livre de Sousa e estocá-las em casa para quebrá-las de forma teatral durante os comícios nos dias de feira. Zé Gadelha fechava a encenação com o aviso de que iria quebrar a “panela” que dominava a Prefeitura de Sousa e que, na sua opinião, era responsável por “malfeitos” contra o povo.
Eleito no dia 15 de novembro de 1966, José de Paiva Gadelha foi o primeiro filho da “cidade sorriso” a ocupar uma cadeira na Câmara Federal pós-redemocratização, obtendo, em todo o Estado, 13.169 votos. Após a instalação do regime militar de 1964, com a imposição do bipartidarismo, filiou-se ao MDB, enquanto os opositores cerraram fileiras na Arena. Adversário dele, o então governador João Agripino confessou, no calor do resultado de uma das eleições memoráveis: “Esse Zé Gadelha é um gigante. O MDB só é forte em Sousa e na Guanabara (hoje Estado do Rio) ”.
Como candidato a deputado federal, Zé Gadelha se dizia porta-voz dos agricultores, comerciantes, industriais e, de um modo geral, do “sofrido povo sertanejo”. Conta Paulo Gadelha: “Zé Gadelha foi à luta com determinação e confiança. Nos comícios, nos encontros de líderes, nas visitas na zona rural, argumentava ter chegado o momento de Sousa ter voz e voto na Câmara Federal, já que outras cidades sertanejas, como Patos, Pombal, Cajazeiras e Antenor Navarro, hoje São João do Rio do Peixe, tinham e/ou tiveram representação política em Brasília, e Sousa, o terceiro maior colégio eleitoral do Estado, não se fazia presente na Câmara dos Deputados. A linguagem, sentimental e telúrica, encontrou eco na cidade sorriso”. Além do mais, com uma proposta desenvolvimentista, Zé Gadelha elegeu a instalação de uma agência do Banco do Brasil como seu grande projeto para a sua cidade.
Foi tanta a obstinação de Zé Gadelha pela instalação da agência do Banco do Brasil S/A em Sousa que, certa feita, Nestor Jost, que foi presidente do BB no período de 1967 a 1974, disse a Paulo Gadelha: “Seu pai me venceu pelo cansaço. Em audiência, eu o recebi mais de 20 vezes.
Todas as vezes, o mesmo assunto: uma agência do Banco do Brasil para Sousa. Não tinha alternativa. Eu autorizei a instalação da agência”. Quanto às panelas quebradas pelo “coronel” nos palanques, durante os comícios, que faziam tanto sucesso junto aos eleitores, simbolizaram um estilo de campanha eleitoral onde predominava, acima de tudo, a criatividade – um produto em falta, atualmente, nos mais prestigiados círculos políticos do país.
A Algodoeira dos Irmãos Zabilo Gadelha, Clotário Gadelha e José Gadelha foi a que mais contribuiu para o desenvolvimento econômico de Sousa. A família Gadelha tinha várias atividades empresariais na cidade, sendo que a maior parte voltada para o setor da cotonicultura, tanto na produção quanto no beneficiamento.
José Gadelha em depoimento ao documentário “O País de São Saruê” relata que, no ano de 1958, implantaram no centro de Sousa a usina André Gadelha & irmãos e a partir daí nasceu o sucesso na vida comercial. Dentre os empreendimentos empresariais, cita a doação de terrenos para a construção de uma maternidade que, segundo ele, era a mais bem equipada da região, como também para a construção da escola de treinamento, DNOCS, Hospital Regional e a Coletoria Estadual. Segundo José Gadelha, todas essas doações e empreendimentos foram pensando no desenvolvimento da cidade.
Segundo José Gadelha o homem do campo nunca deixou de dever aos bancos, é uma gente sofrida. Mesmo sem o apoio público a cotonicultura imprimiu sua marca no desenvolvimento do município sendo o setor de maior destaque. O grupo Gadelha construiu uma fábrica de óleo, construiu uma fábrica de doce, a compra do Gadelha Palace Hotel, instalação de um cinema e montagem de uma emissora de rádio para ajudar Sousa e a coletividade. José de Paiva Gadelha, possuía duas virtudes capazes de conduzir qualquer cidadão ou cidadã ao sucesso: inteligência e trabalho. Era um homem moderno, futurista, empreendedor e] visionário.
Zé Gadelha foi um homem multifacetado nas suas atividades: industrial, fazendeiro, comerciante, político, defensor da cultura (montou dois cinemas e uma rádio) mecenas na área de saúde mantinha, com ajuda de parentes e amigos, a Maternidade Lídia Meira, que foi durante muitos anos o único hospital da cidade e único amparo aos menos favorecidos. Depois José Gadelha e Clotário Gadelha adquiriram a Refinaria de Óleos Vegetais em Campina Grande, onde produziriam óleo de algodão para a mesa Óleo Don Don e Sabão Poty.
A Algodoeira André Gadelha e irmãos virou uma lenda no segmento do algodão. Nos idos de 60, 70 e 80, foi o terceiro maior contribuinte de ICMS da Paraíba, perdendo apenas para as multinacionais Sousa Cruz e a Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro, também conhecida como SANBRA, Sanbra. Zé Gadelha como representante do setor industrial, foi presidente da Associação dos Produtores de Algodão da Paraíba e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba. A Assembleia Legislativa da Paraíba criou por unanimidade e com Louvor dos meus pares, a Medalha do Mérito Empresarial José de Paiva Gadelha perpetuando o seu nome a História da Paraíba.
Abdias Duque de Abrantes Advogado, jornalista, servidor público, graduado em Jornalismo e Direito pela UFPB e pós-graduado em Direito e Processo do Trabalho pela Universidade Potiguar (UnP), que integra a Laureate International Universities.