Após atingir a maior taxa de homicídios da Paraíba em 2023, a cidade de Uiraúna, no Alto Sertão paraibano, vive um momento de alívio parcial em 2024. Com apenas 3 homicídios registrados até julho, a taxa caiu para 20,10 por 100 mil habitantes, segundo dados atualizados, um recuo expressivo em relação ao índice alarmante de 107,18 registrado no ano anterior.
Esse resultado está diretamente ligado à atuação decisiva do delegado Rafael Bianchi, que assumiu a linha de frente no combate ao crime organizado na região. A chegada de Bianchi em 2024 representou um divisor de águas na segurança pública local. Com ações de inteligência, investigações estratégicas e articulação com outras forças policiais, ele conseguiu conter a escalada da violência que vinha crescendo desde 2021.
“A cidade passou a respirar mais aliviada. As operações foram intensificadas, os mandados estão sendo cumpridos, e a população voltou a confiar no trabalho da polícia”, afirmou um morador do Bairro Retiro, que preferiu não se identificar por medo de retaliações.
De cenário de guerra à queda histórica
Nos últimos quatro anos, Uiraúna viveu uma verdadeira montanha-russa no que diz respeito à violência:
Ano Homicídios Taxa por 100 mil hab.
2021 6 40,20
2022 11 73,68
2023 16 107,18
2024 3 20,10
Em 2023, com os 16 homicídios registrados, Uiraúna ultrapassou inclusive os índices de violência de cidades como Jequié (BA), Mossoró (RN) e Caucaia (CE), e se aproximou das taxas de países considerados em guerra civil, como Síria e El Salvador em seus piores anos.
Tensão reacende: facções travam guerra na divisa PB-RN
Apesar da queda nos homicídios, os últimos dias de julho de 2024 trouxeram novos sinais de tensão. No dia 19 de julho, o uiraunense Petrúcio Pereira foi assassinado na cidade vizinha de Luís Gomes, no Rio Grande do Norte. Três dias depois, em 22 de julho, Sebastião Deodato foi morto em Uiraúna. Fontes policiais não descartam a possibilidade de que a morte de Sebastião tenha sido uma retaliação direta pelo assassinato de Petrúcio.
"O que estamos vendo é a configuração de uma guerra territorial entre grupos organizados que usam Luís Gomes e Uiraúna como corredor estratégico", afirmou um agente que acompanha as investigações sob sigilo.
O que esperar?
Embora a gestão de Rafael Bianchi tenha conseguido reduzir drasticamente os números da violência em 2024, os eventos recentes sugerem que o trabalho ainda está longe de terminar. O delegado vem reforçando o pedido de apoio estadual e federal para ampliar o combate ao tráfico, ao armamento ilegal e à atuação digital das facções.
A população segue em estado de atenção, mas com esperança. O caso de Uiraúna se tornou símbolo de como o esforço estratégico de segurança pode conter a violência, mesmo em cidades pequenas. No entanto, a permanência da paz depende agora de ações de longo prazo, envolvendo não só repressão policial, mas também investimentos sociais e monitoramento constante da atividade criminal.
Aqui está o gráfico comparativo mostrando a taxa de homicídios ou mortes violentas por 100 mil habitantes em 2023, incluindo Uiraúna (PB) e países/regiões com altos níveis de violência ou em guerra.
Destaques:
Uiraúna lidera o ranking, com taxa superior a países como El Salvador (pré-2023), México (zonas de cartel), Sudão do Sul e Síria.
A cidade ultrapassa amplamente as médias nacional e mundial, revelando um cenário proporcional de violência extrema.
Fontes:Jakson Duarte | Repórter Caveira
Secretaria de Segurança da Paraíba
Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2024)
Polícia Civil da Paraíba e do Rio Grande do Norte
ACLED (Armed Conflict Location & Event Data Project)