Matriarca Nina Andrade, mãe do radialista João Andrade é homenageada na 6ª Cavalgada Tropeiros de São Francisco de Poço Dantas - BLOG DO GERALDO ANDRADE

Matriarca Nina Andrade, mãe do radialista João Andrade é homenageada na 6ª Cavalgada Tropeiros de São Francisco de Poço Dantas

 

A matriarca Francisca Ana de Andrade (Dona Nina Andrade), 95 anos, residente na Comunidade de Barra de Piabas-Poço Dantas foi homenageada domingo (27) de abril por ocasião da 6ª Cavalgada Tropeiros de São Francisco de Poço Dantas. Também foram homenageados o produtor rural, Chico Maximiano e Dona Tereza Vieira. Uma matriarca é homenageada quando se reconhece a sua liderança, influência e papel central na família ou comunidade. As biografias dos três homenageados foram lidas na Praça São José da Comunidade de Barra de Piabas.




 BIOGRAFIA DE DONA NINA ANDRADE




A matriarca Francisca Ana de Andrade (Dona Nina), nasceu em 1930, na Comunidade de Cafundó, zona rural de Bernardino Batista-PB antiga “Serra do Padre". Filha de José Pedro de Andrade e Ana Cosme de Brito.




Casou-se aos vinte anos de idade com o Sr. Manoel Cassimiro da Silva, com o qual constituiu uma família e uma história marcada pelo amor verdadeiro. Todavia, a vida com suas durezas, a fez viúva aos 35 anos de idade. Ainda assim, ela não se deixou abater. Com determinação, criou sete dos seus nove filhos, Francisca Maria, Carminha, José "in memoriam”, Ana Francisca “in memoriam”, Conceição, Helena e Manoel. Acolheu com amor dois enteados, Francisco Manoel e Tereza “in memoriam” e ainda adotou um filho, o radialista e apresentador do Programa Passando a Limpo na Rádio Mais FM de Uiraúna e Cajazeiras, João Andrade. 




Cuidou de todos com mesmo carinho e dedicação. Foi mãe em todos os sentidos: no amor, na presença e no cuidado. Hoje com 35 netos, 39 bisnetos e cinco trinetos. Vive rodeada de muito amor e carinho. 




Dona Nina foi parteira.  As parteiras chamadas tradicionais são mulheres que prestam assistência a parturientes antes, durante e após seus partos. Foi uma figura fundamental do cotidiano de várias mulheres na região de Poço Dantas-PB.




Dona Nina exerceu o ofício de louceira, também chamada de mestra do barro. Dona Nina modelava panelas, alguidares, potes, quartinhas, moringas, tigelas e outras peças que recebia como encomenda. As peças eram vendidas na feira livre. Mulher, mãe, artesã e sertaneja, Dona Nina teve uma história de vida digna de lutas e conquistas. Sustentou sua família com o suor e dom das suas mãos. Sua arte também floresceu em bordados finos, pinturas em tecido, flores artesanais e varandas de rede — expressões de delicadeza que contrastam com a força de quem, ao mesmo tempo, trabalhava duro na roça para por comida na mesa e garantir o sustento dos filhos.




Dona Nina ficou reconhecida por seu papel fundamental na arte do bordado à mão. O bordado à mão é uma tradição passada de geração em geração, entre avós, mães, filhas, netas, sobrinhas, afilhadas. Talvez por isso mesmo o bordado como uma força transgeracional seja considerado bem cultural e patrimônio imaterial brasileiro. Dona Nina infelizmente foi impedida de continuar sua arte, pela a crueldade da perda de parte da visão, porém isso não a tem impedido de continuar na lavoura, cuidando de plantios, cultivar seu lindo jardim e de seus criatórios de animais como galinhas, porcos, entre outros.




Mulher de fé inabalável, é também conhecida como rezadeira, procurada por muitos em momentos de dor e esperança. Sua palavra tem força, sua reza acalma, sua presença inspira. A rezadeira revela que reza para tirar “mau olhado” ou “quebranto” e dores em geral . As plantas mais utilizadas em seus rituais de rezas são: o pinhão roxo, manjericão, vassourinha de botão e arruda. É devota de São José. 




Dona Nina é uma mulher forte, valente e de coração gigante. Uma mulher que é símbolo de força e de amor. Uma das moradoras mais longevas da Comunidade de Barra de Piabas-Poço Dantas. Dona Nina carrega quase um século de histórias, marcada pela dignidade, coragem e pelo amor à família e ao trabalho. Quando mais jovem era presença certa nas festas de casamento, liderando a cozinha com talento e alegria, cozinhando com amor e alimentando corpos e corações.




Viúva há mais de 56 anos, nunca buscou outro amor — vive, até hoje, o luto e a lembrança do companheiro Manoel Cassimiro da Silva que lhe foi tirado tão cedo, mantendo viva a chama de um amor eterno.




Atualmente, Dona Nina não é apenas um símbolo de longevidade. É símbolo de resistência, de resiliência, de determinação e de fé.  Sua alegria de viver e sua lucidez conquistam o coração dos poço-dantenses.  Dona Nina é um exemplo de mulher, de mãe, avó e bisavó e uma referência de sabedoria e generosidade para sua família, para a Comunidade de Barra de Piabas e para Poço Dantas.  Uma mulher que inspira com sua história e ensina com o seu silêncio.




Viva Dona Nina!


Viva a sua história!


Viva a força da mulher nordestina!




Abdias Duque de Abrantes Advogado, jornalista, servidor público, graduado em Jornalismo e Direito pela UFPB e pós-graduado em Direito e Processo do Trabalho pela Universidade Potiguar (UnP), que integra a Laureate International Universities.



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