O líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante, insinuou nesta semana que a operação da Polícia Federal em Patos, na Paraíba, pode ter sido motivada por pressões políticas para impedir que o presidente da Câmara, o paraibano Hugo Motta (Republicanos), coloque em pauta o projeto de lei que trata da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023.
“Achamos muito estranho que é só a gente discutir a anistia que a Polícia Federal na semana foi visitar, fazer uma busca e apreensão na casa do pai do Hugo Motta. Isso, pra mim, causa muita estranheza e não me cheira bem esse tipo de comportamento da nossa querida e gloriosa Polícia Federal. Em um momento como esse a gente precisa estar atento a todos os movimentos”, disparou.
Apesar da fala de Sóstenes, vale ressaltar que nem Hugo Motta, nem seu pai, o prefeito de Patos Nabor Wanderley (Republicanos), foram alvos da operação da PF. Batizada de Operação Outside 2, ela mirou empresários e uma funcionária da prefeitura, que foi prontamente exonerada.
Ainda durante a entrevista, Sóstenes afirmou que Motta é aliado do PL e já havia se comprometido a pautar a urgência do projeto, que segundo o parlamentar, já conta com assinaturas suficientes para ser votado em plenário. “Nós nunca vamos expor o presidente Hugo Motta, ao contrário, ele é nosso aliado e sabemos das pressões externas da Câmara. É lamentável que o presidente de um poder sofra pressões de outros poderes para que este poder não exerça a sua única função, que é a de legislar”, disse o deputado.
O líder do PL demonstrou confiança de que, com o retorno de Hugo Motta ao Brasil, previsto para o dia 20, o projeto será colocado na pauta. “Quando ele voltar, essa matéria estará na pauta e em poucas semanas nós vamos finalmente fazer justiça aos injustiçados do 8 de Janeiro”, afirmou.
Sóstenes também criticou duramente o Supremo Tribunal Federal, acusando a Corte de aplicar penas desproporcionais e de agir com parcialidade. Ele citou o caso de Débora “do Batom”, uma das condenadas pelos atos, que recebeu multa de R$ 30 milhões, valor que, segundo ele, supera todos os prejuízos materiais causados nas sedes dos Três Poderes.
“A Suprema Corte que já tem dois votos para condenar Débora e Fernando a 30 milhões de reais de multa. Ora, somado todos os prejuízos causados por todos que depredaram os patrimônios públicos, é algo em torno de 23 milhões de reais. O exagero é tamanho que deram 30 milhões de multa para uma única pessoa”, disse.
O parlamentar afirmou ainda que, embora setores do governo falem em concessão de indulto presidencial a parte dos condenados, nos bastidores haveria pressão direta para que parlamentares retirassem suas assinaturas do projeto. “Teve um parlamentar que retirou a assinatura e eu já soube que o governo está pressionando parlamentares que assinaram a retirar a assinatura. Ora, se um governo diz estar pensando e avaliando dar algum tipo de anistia, ele jamais deveria estar pressionando para retirada de assinaturas”, pontuou.
Fonte 83