Por g1 RS
Imagem aérea mostra alagamento em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre — Foto: Carlos Macedo/AP
A volta da chuva nesta quarta-feira (8) causa alerta em regiões já devastadas por enchentes e deslizamentos no Rio Grande do Sul.
Pela manhã, a Defesa Civil emitiu um aviso de chuva forte e vento acima dos 90 km/h para grande parte do Rio Grande do Sul. O motivo é a chegada de uma nova frente fria, que também derruba as temperaturas.
O tempo virou à tarde em Porto Alegre. Devido às chuvas e ao vento forte, a prefeitura recomendou suspender o trânsito de barcos que resgatam moradores nas áreas alagadas pela cheia do Guaíba. As rajadas de vento provocaram ondas, o que colocava as equipes em perigo.
"Pedimos que os barcos em operações de resgate suspendam temporariamente suas atividades, devido à previsão de chuva de até 15 mm, possíveis descargas elétricas e ventos acima de 80 km/h nas próximas horas na Região Metropolitana", disse a prefeitura em nota.
No início da noite, os trabalhos de resgate urgentes foram retomados.
Em boletim divulgado às 18h desta quarta, o governo do estado confirmou 100 mortes em razão dos temporais. São cerca 128 desaparecidos e 372 feridos.
Alagamentos em Porto Alegre e região
Desde domingo (5), quando atingiu o pico, o nível da água baixou 25 centímetros, mas segue acima de 5 metros e muito distante do patamar de inundação, que é de 3 metros.
Cachorro atravessa área alagada no bairro de Humaitá, em Porto Alegre — Foto: Diego Vara/Reuters
Cidades da Região Metropolitana, como São Leopoldo e Canoas, seguem embaixo d'água. O aeroporto de Porto Alegre segue inundado e fechado por tempo indeterminado. A Força Aérea anunciou a transferência de alguns voos comerciais para a Base Aérea de Canoas.
Pela manhã, o Globocop flagrou um cavalo à espera de resgate no telhado de uma casa em Canoas. Veja o vídeo abaixo:
Preocupação na serra e no sul
Cidades da Serra Gaúcha voltaram a registrar chuva nesta quarta. A situação preocupa porque foi a cheia dos rios que atravessam a região que varreu cidades vizinhas e provocou a enchente histórica de Porto Alegre.
Cidades no sul do RS também registram transtornos. Em Pelotas, barricadas foram montadas para tentar conter enchentes. Segundo a prefeitura do município, 400 pessoas estão em abrigos. As aulas em escolas municipais foram suspensas até sexta-feira (10).
Em Rio Grande, mais de 200 pessoas estão fora de casa. A cidade fica na Lagoa dos Patos, para onde escoa a água do Guaíba antes de chegar ao oceano. Em hospitais próximos da lagoa, pacientes foram realocados para andares superiores. O centro histórico já foi invadido pela água.
As cidades de Jaguarão e Vitória do Palmar também são afetadas.
Enchente causada pelas chuvas que atingem a cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, nesta quarta-feira, 08 de maio de 2024. — Foto: EDUARDO RODRIGUES/AGÊNCIA PIXEL PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Moradias danificadas e prejuízos
Segundo a Confederação Nacional de Municípios, mais de 61 mil moradias foram danificadas pelos desastres no Rio Grande do Sul. Ainda conforme o CNM, o prejuízo financeiro deve chegar a R$ 6,3 bilhões.
Segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), as enchentes afetam mais de 80% da atividade econômica do Estado. Os municípios atingidos representam 87% dos empregos industriais do RS.
Pessoas fora de casa
Há 230,4 mil pessoas fora de casa. Desse total, são 66,7 mil em abrigos e 163,7 mil desalojados (pessoas que estão nas casas de familiares ou amigos).
O RS tem 417 dos seus 497 municípios com algum relato de problema relacionado ao temporal, com 1,4 milhão de pessoas afetadas.
Temporal no RS: avanço das águas do Guaíba em Porto Alegre — Foto: Reprodução/RBS TV
Presos no RS e reforço na segurança
Secretário de Segurança Pública do RS afirmou também nesta quarta-feira (8) que mais de 30 suspeitos foram presos. O policiamento foi reforçado na região metropolitana de Porto Alegre. Saques a lojas, ameaças a socorristas e ataques a barcos de resgate, agravam a insegurança à já dramática situação.
O Comando de Operações Táticas (COT) da Polícia Federal assumiu a segurança do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre. O grupo de elite também apoiará as ações de patrulhamento da Polícia Federal nas vias alagadas, para dar segurança às ações de resgate dos desabrigados.
FGTS liberado
O Ministério do Trabalho e Emprego liberou o saque calamidade do FGTS para os trabalhadores atingidos pelas chuvas e enchentes do Rio Grande do Sul a partir desta quarta-feira. A partir de segunda, também serão antecipadas duas parcelas do seguro-desemprego e o abono salarial para atingidos no estado.
As medidas fazem parte da ajuda emergencial via decreto publicado nesta terça-feira e deve chegar a 900 mil gaúchos.
Caminho alternativo e símbolo isolado pela água
A prefeitura de Porto Alegre iniciou nesta quarta-feira (8) a construção de um caminho alternativo ligando a Avenida Castelo Branco ao Túnel da Conceição. A obra facilitará o acesso para serviços de emergência e abastecimento da cidade. Também ajudará a reduzir o tráfego na RS-118. Segundo o órgão, a previsão para a conclusão da obra é de até 3 dias.
Prefeitura de Porto Alegre iniciou nesta quarta-feira a construção de um caminho alternativo ligando a Avenida Castelo Branco ao Túnel da Conceição — Foto: Divulgação/Prefeitura Porto Alegre
Principal símbolo de Porto Alegre, a estátua do Laçador, fica com entorno alagado. Esculpido em bronze, o monumento tem 4,45 metros de altura, pesa 3,8 toneladas e possui um pedestal de granito de 2,10 metros de altura.
Estátua do Laçador, símbolo de Porto Alegre, com o entorno alagado — Foto: Reprodução/TV Globo