Imprensa nacional aponta Cássio como lobista contratado por indústria de cigarros - BLOG DO GERALDO ANDRADE

Imprensa nacional aponta Cássio como lobista contratado por indústria de cigarros

 

O ex-senador e ex-governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB), foi um dos contratados pela fabricante de cigarros Philip Morris para atuar em nome da empresa perante a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Além de Cássio, foram contratados  o pernambucano José Múcio Monteiro, ex-ministro do governo Lula e do TCU (Tribunal de Contas da União) e ex-deputado federal pelo PTB.

Aposentado da Corte em dezembro de 2020, Múcio foi recrutado pela multinacional em março deste ano, uma semana depois de a empresa sofrer uma derrota para registrar um produto que “alimenta” uma espécie de cigarro eletrônico. Já Cássio tem mais tempo de casa: foi contratado em 2019. Questionado pelo UOL, o ex-senador disse que, “por questões concorrenciais”, não comenta “assuntos relativos aos [seus] clientes”.

Segundo o portal UOL, a Anvisa se prepara para julgar um processo que reavalia a proibição aos cigarros eletrônicos e aos demais “dispositivos eletrônicos para fumar” no Brasil em meio à mudança na Gerência de Tabaco, que fiscaliza o setor. Desde 2009, a Anvisa proíbe a venda, a importação e a propaganda destes aparelhos no país.

Pedidos negados

Neste ano, a Philip Morris já teve negado por duas vezes um pedido de registro para um produto que abastece um cigarro eletrônico produzido pela empresa, o IQOS (sigla para I Quit Original Smoking, ou “eu parei com o cigarro original”). Nele, o tabaco é aquecido em vez de queimado, razão pela qual é chamado pela empresa de “produto de tabaco aquecido”.

A primeira negativa foi feita pela Gerência de Tabaco em 26 de fevereiro passado. Os técnicos recusaram-se a autorizar a venda dos “heets”, que se assemelham a minicigarros e “alimentam” o IQOS. Na semana seguinte, a empresa contratou Múcio, segundo ele informou ao UOL.

A Anvisa prevê concluir até dezembro um processo geral —não apenas para a Philip Morris— sobre regulação de dispositivos eletrônicos para fumar.

Reunião

Sete dias depois da negativa, em 5 de março, Múcio e Cássio Cunha Lima tiveram reunião com Cristiane Jourdan Gomes, a diretora a quem a gerência está subordinada. Nessas reuniões tem até lobista. Tem aquele ex-senador Cássio Cunha Lima. Eu vi que ele virou lobista da indústria de tabaco e foi bater ponto lá também.”

Cléber Ferreira, presidente do Sinagências

A assessoria da Anvisa afirma que a reunião foi uma “cortesia para parabenizar” Cristiane Jourdan por ter assumido o cargo de diretora, cuja posse foi em 11 de novembro, quase quatro meses antes. A assessoria da Anvisa afirmou que, de modo geral, todas as reuniões são realizadas por agendamento e atendidas “à medida que são solicitadas”, independentemente da “origem do pedido”.

Ex-prefeito de João Pessoa e ex-governador da Paraíba até 2010, Cássio Cunha Lima, de 58 anos, é filho do ex-governador Ronaldo Cunha Lima (DEM), falecido em 2012. Cássio foi senador entre 2011 e janeiro de 2019. Perdeu as últimas eleições e não conseguiu dar continuidade ao mandato parlamentar.

Abriu uma empresa de consultoria em 2019. Naquele mesmo ano, passou a trabalhar para a indústria tabagista. O estado do ex-senador tem a maior proporção de consumo de tabaco entre os nordestinos. Segundo pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2019, 11,1% dos paraibanos fumavam todos os dias, mais do que a média nordestina, 9,5%, mas menos do que a taxa nacional, de 11,4%


 Fonte:Redação com UOL