Sete anos da morte do ex-governador e poeta Ronaldo Cunha Lima - BLOG DO GERALDO ANDRADE

Sete anos da morte do ex-governador e poeta Ronaldo Cunha Lima

Familiares, amigos, antigos eleitores e correligionĂ¡rios remanescentes do PTB, PMDB-MDB e PSDB nĂ£o deixaram passar em branco o registro do transcurso, hoje, de sete anos da morte do ex-governador, ex-senador e ex-deputado federal Ronaldo Cunha Lima, que tambĂ©m foi deputado estadual e prefeito de Campina Grande em duas oportunidades. Ronaldo faleceu em JoĂ£o Pessoa no dia sete de julho de 2012, de cĂ¢ncer de pulmĂ£o, teve o corpo velado no PalĂ¡cio da RedenĂ§Ă£o e foi sepultado em Campina com grande acompanhamento e emoĂ§Ă£o. Advogado e escritor, deixou herdeiros na polĂ­tica, como os filhos CĂ¡ssio, que foi senador atĂ© dezembro de 2018 e Ronaldo Cunha Lima Filho (Ronaldinho), ex-vice-prefeito de Campina, alĂ©m  do neto Pedro, atualmente deputado federal. Seu irmĂ£o, Ivandro Cunha Lima, exerceu a titularidade do mandato de senador sucedendo ao titular Ruy Carneiro, por ocasiĂ£o do falecimento deste.
“IncrĂ­vel como ele se faz presente em tantos instantes. De forma constante, Ă© impressionante isso, recebo depoimentos relatam experiĂªncias ao lado dele. Seja atravĂ©s dos “causos” que ele protagonizou ou de sonetos e poemas que ele eternizou, ele vive. Trago no coraĂ§Ă£o e guardo na minha mais sagrada memĂ³ria afetiva, a histĂ³ria que tive o privilĂ©gio de viver ao lado dele. Testemunhos de amor constante, ensinamentos permanentes, exemplos para o resto da vida. Foi dignificante. Como foi bom, como Ă© bom. Louvo a Deus por ter um pai maravilhoso como o poeta Ronaldo Cunha Lima. Ele vive no coraĂ§Ă£o de muitos, muitos mesmo, nĂ£o tenho dĂºvidas disso”, afirmou CĂ¡ssio em mensagem postada no Instagram.
Eleito prefeito de Campina Grande em 1968, Ronaldo tomou posse em 1969 mas governou apenas 43 dias, tendo sido cassado pelo Ato Institucional nĂºmero cinco, do regime militar, por ter tomado posiĂ§Ă£o a favor da legalidade democrĂ¡tica em março de 1964 contra o golpe que derrubou o presidente JoĂ£o Goulart. O poeta nunca perdeu uma eleiĂ§Ă£o, tendo sido, igualmente, vereador em Campina, onde desenvolveu trajetĂ³ria polĂ­tica, procedente de Guarabira, no brejo, onde nascera. Em postagem na sua rede social, hoje, o advogado e empresĂ¡rio Ronaldo Cunha Lima Filho (Ronaldinho) evocou a memĂ³ria do pai e a importĂ¢ncia que ele alcançou no cenĂ¡rio polĂ­tico paraibano e nacional. Casado com GlĂ³ria Cunha Lima e pai, ainda, de Savigny e “Gal” Cunha Lima, Ronaldo morreu aos 76 anos, deixando uma lacuna no segmento polĂ­tico local, onde pontificou com brilhantismo e carisma.

Ele retornou Ă  prefeitura de Campina Grande em 1982 e acabou cumprindo mandato de seis anos, em face da prorrogaĂ§Ă£o geral de mandatos de prefeitos em todo o paĂ­s. Ronaldo foi o grande impulsionador do festejo junino em Campina, que transformou em “maior SĂ£o JoĂ£o do Mundo” na mĂ­dia, competindo com o tradicional SĂ£o JoĂ£o de Caruaru, Pernambuco. PolĂ­tico com formaĂ§Ă£o municipalista, tendo sido vice-presidente de uma Frente Nacional presidida pelo ex-governador de SĂ£o Paulo, Orestes QuĂ©rcia, Ronaldo Cunha Lima chegou a ser cogitado para virtual candidato a vice-presidente da RepĂºblica numa chapa encabeçada por QuĂ©rcia, em 94, o que nĂ£o se concretizou. Na histĂ³ria da ParaĂ­ba, exerceu todos os mandatos da escala polĂ­tica. Em 1990, elegeu-se governador num segundo turno travado a 26 de novembro, derrotando Wilson Leite Braga. Obteve 130 mil votos de maioria, apoiado por uma coligaĂ§Ă£o de forças nascida no interior do PMDB, partido a que era filiado.

Desde 1982, se preparava para dirigir os destinos do Estado mas teve que ceder a vaga a nomes como AntĂ´nio Mariz e TarcĂ­sio Burity, oriundos de dissidĂªncias polĂ­ticas da Arena-PDS. No pleito que, afinal, o conduziu ao PalĂ¡cio da RedenĂ§Ă£o, fez-se obstinado e atraiu o apoio decisivo, no segundo turno, do ex-deputado federal JoĂ£o Agripino Neto, que concorrera no primeiro turno pelo PRN. Ex-gazeteiro e garçom, apontador de obras e tabeliĂ£o do fĂ³rum de Campina Grande, projetou-se pela facilidade com que redigia documentos e pelo dom de declamar versos, em rodas de amigos. Em 1962, disputou pela primeira vez a cadeira de deputado estadual, obtendo expressiva votaĂ§Ă£o.  O crescimento da sua liderança, sobretudo em Campina, foi comprovado na eleiĂ§Ă£o do filho, CĂ¡ssio, para sucedĂª-lo como prefeito.

Um episĂ³dio lamentĂ¡vel na sua biografia foi o atentado contra o ex-governador TarcĂ­sio Burity, no restaurante Gulliver, em JoĂ£o Pessoa. Ronaldo pediu perdĂ£o a Burity mas jamais se reconciliaram politicamente. Como senador, teve uma atuaĂ§Ă£o marcante e, para alguns que nĂ£o o conheciam, surpreendente, pelos conhecimentos jurĂ­dicos emitidos na condiĂ§Ă£o de parecerista de matĂ©rias relevantes discutidas no Ă¢mbito daquela Casa. Foi um dos mais destacados oradores da ParaĂ­ba, com discursos antolĂ³gicos que constam dos anais historiogrĂ¡ficos.



Fonte: Jornalista Nonato Guedes