Deputado paraibano é citado em Brasília como líder do Centrão - BLOG DO GERALDO ANDRADE

Deputado paraibano é citado em Brasília como líder do Centrão


O deputado federal Aguinaldo Ribeiro, do PP-PB, é mencionado em reportagem da revista “Veja” como um dos destacados expoentes do “Centrão”, agrupamento de parlamentares tidos como “fisiológicos”, que impõem derrotas ao governo do presidente Jair Bolsonaro, têm em comum apetite por cargos e muitos rolos na Justiça. No texto escrito para a revista, o repórter Edoardo Ghirotto afirma que, “desprovido de uma base partidária consistente no Congresso”, o governo tem se tornado refém de uma turma que é profissional na política, mas nem sempre em defesa dos interesses do país”. O “Centrão” é um bloco informal constituído por cerca de 200 deputados – grosso modo, os filiados ao PP, PL, PSD, PRB, PTB, Solidariedade e DEM, embora o prefeito de Salvador, ACM Neto, tenha declarado depois das passeatas de domingo, 26 de abril, que o seu DEM “nunca será Centrão”.

A reportagem acrescenta que nesse vasto bloco três deputados despontam como os grandes atravessadores da agenda do governo: Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Arthur Lira (PP-AL) e Elmar Nascimento (DEM-BA). Esse trio é o centro do Centrão, que, por sua vez, deita raízes na Constituinte de 1987/1988, quando surgiu, apoiando o presidente José Sarney. “Veja” informa que os personagens e composição partidária vêm mudando, mas algumas características permanecem: é um contingente de deputados de corte conservador mas sem solidez ideológica e com apego ao poder. Deu amparo ao impeachment de Dilma Rousseff e barrou processos contra o então presidente Michel Temer.

– O trio que comanda o jogo do Centrão hoje faz jus à tradição. Tanto Ribeiro quanto Lira são fruto de clãs políticos do Nordeste e estão no terceiro mandato na Câmara. Colecionam, também, escândalos dos mais variados. Atualmente, a principal preocupação da dupla é a denúncia contra o “quadrilhão do PP”, na qual eles são acusados de arrecadar propina em estatais e órgãos públicos entre 2004 e 2015. A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal ainda não decidiu se transformará os parlamentares em réus – continua a matéria.

Segundo “Veja”, Ribeiro e Lira têm bom diálogo com a esquerda – Aguinaldo foi até ministro das Cidades de Dilma Rousseff. “Eles passam a credibilidade e o conteúdo que faltam aos bolsonaristas”, diz André Figueiredo, líder do PDT. Ribeiro é visto como um interlocutor do deputado Rodrigo Maia, presidente da Câmara, Lira mantém uma relação protocolar com Maia, a quem pretende substituir em 2021. Foi a dupla que, em uma demonstração de força, organizou em reunião na casa de Maia a primeira grande derrota do governo no Legislativo: a derrubada do decreto do vice Hamilton Mourão, que ampliava o sigilo sobre documentos públicos.

Deputados do Centrão e da oposição contam que os dois, também, foram os responsáveis pelo sumiço do relator da reforma da Previdência, delegado Marcelo Freitas (PSL-MG), na sessão da Comissão de Constituição e Justiça em 17 de abril – para adiar a votação marcada para esse dia, o relator foi retido pelo grupo em uma reunião burocrática. Nos bastidores do Congresso, Arthur Lira é tido como o arquiteto da manobra – ele estaria descontente com certas atitudes do ministro da Economia, Paulo Guedes. Terceiro expoente do Centrão, Elmar Nascimento ascendeu à liderança do DEM na Câmara graças a uma articulação de Maia, seu amigo, com quem até já dividiu apartamento. Sua eleição se deu depois que o presidente da sigla, ACM Neto, concordou que não seria saudável emplacar um líder próximo ao grupo do chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Elmar vem agindo em consonância com Arthur Lira, o que não agrada a ACM.

“Veja” finaliza a reportagem informando que o Centrão gostou do prestígio que ganhou no governo Temer e seus líderes partidários avaliam que no governo do PT, do qual o grupo foi aliado quase até o impeachment, o Centrão era só um chancelador de projetos do governo. Não querem mais voltar a essa condição. Em tese, o núcleo do Centrão é simpático à reforma da Previdência, mas teme que o presidente e seu ministro da Economia ganhem sozinho os eventuais louros do projeto. O bloco ressente-se de ver o presidente chancelando manifestações nas quais figuram bonecos infláveis de Rodrigo Maia com picolés de dinheiro. E o governo que diz recusar o toma lá dá cá já acena com liberação de emendas orçamentárias para deputados que apoiarem as reformas. “O Centrão não gosta de ser visto como fisiológico, mas entende bem (e adora) essa linguagem”, arremata Edoardo Giroto.



Fonte: Nonato Guedes