STF tem dois votos contra liberdade de Lula, mas Gilmar Mendes pede vistas - BLOG DO GERALDO ANDRADE

STF tem dois votos contra liberdade de Lula, mas Gilmar Mendes pede vistas



Foi interrompido na tarde desta terça-feira (4) o julgamento de mais um pedido de liberdade apresentado pela defesa do ex-presidente Luiz InĂ¡cio Lula da Silva (PT). Preso desde abril apĂ³s condenaĂ§Ă£o na OperaĂ§Ă£o Lava Jato, o petista alegou Ă  Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que o juiz SĂ©rgio Moro foi parcial ao proferir a sentença. A alegaĂ§Ă£o Ă© sustentada pelo fato de que Moro aceitou cargo de ministro no governo de Jair Bolsonaro (PSL).

O primeiro a votar foi o relator, ministro Edson Fachin, que disse considerar “incabĂ­vel” o pedido da defesa de Lula e rejeitou a tese de que houve parcialidade na atuaĂ§Ă£o de SĂ©rgio Moro na conduĂ§Ă£o do processo sobre o trĂ­plex do GuarujĂ¡ (SP). O voto foi acompanhado pela ministra CĂ¡rmen LĂºcia, mas o julgamento acabou paralisado devido a pedido de vistas do ministro Gilmar Mendes. A retomada da anĂ¡lise nĂ£o tem data para acontecer.

Antes do inĂ­cio da sessĂ£o desta tarde, a defesa chegou a pedir que o julgamento do habeas corpus fosse adiado para que pudesse haver anĂ¡lise conjunta com novo HC impetrado no STF. Os ministros Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes chegaram a propor que o julgamento fosse levado ao plenĂ¡rio do Supremo, mas, devido aos votos de Edson Fachin, Celso de Mello e CĂ¡rmen LĂºcia, foi decidido levar adiante o julgamento do recurso que jĂ¡ estava pautado.

A defesa do ex-presidente pede que seja reconhecida a suspeiĂ§Ă£o de Moro na conduĂ§Ă£o do caso trĂ­plex , em razĂ£o de inimizade com o rĂ©u e por ter interesse pessoal no desfecho da causa. Os advogados que representam o petista querem a anulaĂ§Ă£o do processo que resultou na sua condenaĂ§Ă£o por corrupĂ§Ă£o passiva e lavagem de dinheiro Ă  pena de 12 anos e um mĂªs de prisĂ£o.



O advogado que representa Lula afirmou no julgamento de hoje que todo cidadĂ£o tem direito a um processo justo, conduzido por juiz imparcial, mas esse direito teria sido negado ao ex-presidente. No recurso, a defesa afirma que tornou-se “acima de qualquer dĂºvida razoĂ¡vel” a tese de que o juiz teve “atuaĂ§Ă£o parcial” na conduĂ§Ă£o do processo. “A formalizaĂ§Ă£o do ingresso do juiz no cenĂ¡rio polĂ­tico — em ostensiva oposiĂ§Ă£o a Lula — torna ainda mais necessĂ¡ria uma anĂ¡lise retrospectiva de sua conduta em relaĂ§Ă£o ao ex-presidente”, escreveu a defesa.

JĂ¡ a acusaĂ§Ă£o, constituĂ­da na figura de representante do MinistĂ©rio PĂºblico Federal (MPF), diz que a tese de suspeiĂ§Ă£o de Moro jĂ¡ foi analisada inĂºmeras vezes e rejeitada. Por isso, o habeas corpus  nĂ£o deveria ser julgado. “NĂ£o cabe a reapreciaĂ§Ă£o, ainda mais para se inserir em contexto polĂ­tico”, disse a subprocuradora-geral da RepĂºblica ClĂ¡udia Sampaio.

A procuradora-geral da RepĂºblica, Raquel Dodge, manifestou-se pela rejeiĂ§Ă£o do recurso de Lula. Para ela, as acusações sĂ£o “ilações infundadas”.  “Quando proferiu a sentença acima mencionada [trĂ­plex], por Ă³bvio, SĂ©rgio Moro nĂ£o poderia imaginar que, mais de um ano depois, seria chamado para ser ministro da Justiça do presidente eleito”, disse a procuradora em manifestaĂ§Ă£o enviada semana passada ao Supremo.

De acordo com Dodge, desde que passou a ser processado, o ex-presidente “vem insistentemente” defendendo ser vĂ­tima de perseguiĂ§Ă£o polĂ­tica. No entanto, os argumentos sobre a suspeiĂ§Ă£o de Moro jĂ¡ foram julgados por mais de uma instĂ¢ncia da Justiça e foram rejeitados por todas elas.

Por sua vez, Moro nega qualquer irregularidade em sua conduta e diz que a decisĂ£o de participar do futuro governo ocorreu depois de medidas tomadas por ele contra o ex-presidente, alegando que uma coisa nĂ£o tem relaĂ§Ă£o Ă  outra.

Lula estĂ¡ preso desde 7 de abril na SuperintendĂªncia da PolĂ­cia Federal em Curitiba, apĂ³s ter sua condenaĂ§Ă£o no caso confirmada pelo Tribunal Regional Federal 4ª RegiĂ£o (TRF-4), que impĂ´s pena de 12 anos e um mĂªs de prisĂ£o ao ex-presidente, pelos crimes de corrupĂ§Ă£o passiva e lavagem de dinheiro.

Fonte: iG